Mal- Estar na Educação
Jane Patrícia Haddad
Consultora Educacional, Palestrante e Psicopedagoga Clínica.
janepati@terra.com.br
www.janehaddad.com.br
O
mundo mudou... e com ele nós mudamos, não é mais possível
ignorarmos tantas mudanças, e querermos continuar sendo “ os mesmos
professores” .
A ciência
avança diariamente e nos surpreende, a todo instante com as novas
descobertas.
No
entanto, abrimos os jornais e assistimos aos noticiários , e vemos
que o ser humano continua rude e violento .
O
assassinato em massa, na Virgínia é mais um dos tantos alertas que
temos recebido. Algo está fugindo do nosso entendimento? Como
suportar este vazio?
Acredito
que já estamos colhendo alguns frutos da cultura narcisista em que
nos encontramos, onde não é aceito nenhuma dose de insatisfação,
fracasso, conflito e angústia, emergentes do sujeito. Quando isso
ocorre, deve ser evitado, corrigido e eliminado.
É nesse
contexto que a educação necessita de novos olhares já que, ela
também se encontra narcizada. As propostas educacionais vigentes
contemplam apenas o sucesso do aluno.
Entre
professores e alunos, está existindo um jogo de busca de satisfações
imediatas . Onde cada um busca apenas em estar certo.
Nós
educadores precisamos resgatar dentro de nós, nosso próprio vazio ,
o mundo mudou e nós também podemos mudar.
Rubem
Alves afirma que talvez não seja necessário e nem possível formar o
educador. É necessário acordá-lo.
Tenho
observado em minhas Palestras para educadores, que muitos deles
estão comprometidos com a causa de educar, porém, há uma grande
parte de professores que desejam uma mudança , mas agem de forma
antagônica, muitas vezes aderindo ao conservadorismo , a estagnação,
ou, a famosa meia mudança ( eu já fiz a minha parte, agora é com o
outro), que é a forma mais real de não se mudar nada. É o famoso
lugar da
“
queixa”, reclama, aliena, denuncia mas não se responsabiliza pelas
suas escolhas.
É preciso
que o caminho seja , para além do senso comum.
Mudar é
uma arte, não é fácil, exige de cada um de nós, um constante
repensar a educação e sua função. O que é muito mais profundo do que
simplesmente encontrar possibilidades ainda não pensadas.
O mundo
mudou e eu mudei? O que me move a ser um Professor?
Para
Freud, a paixão pelo saber origina-se da curiosidade infantil sobre
sua origem. De onde viemos? Qual é minha origem em relação ao
desejo de vocês?
A idéia
de formação contínua nos deixa cegos e não nos permite pensar o que
é a fragmentação pós-moderna e o deslocamento do sujeito. È preciso
que tenhamos a infância do pensamento assim como a infância do olhar
e a curiosidade de um VERDADEIRO EDUCADOR!
O mundo
mudou é há um Mal-estar, Freud no seu ensaio O mal-estar na
civilização, sustentava que civilizar-se implica restringir a
própria liberdade e padecer de um certo desconforto psíquico. ( o “
mal-estar” ) decorrente da renúncia a certos desejos. Como a
Educação.
De onde
vem nosso mal-estar?
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