O Brasil é um país de inúmeras festas.
É assombroso o número de feriados no calendário anual.
Mas, se somarmos os dias que são emendados, teremos ao longo
do ano, mais de quinze dias parados. Segundo especialistas
do assunto, os prejuízos são enormes para o País.
Agora, nesta época, temos o feriado de carnaval.
Em alguns lugares perde-se mais de uma semana de trabalho.
É o festejo da alegria num País de quase 40 milhões de
miseráveis.
Desde o início de janeiro a mídia vem explorando as folias
de Momo, como se fosse o acontecimento mais importante do
ano.
Fala-se em alegria, festa, colocar para fora as angústias
contidas durante o ano passado. Infelizmente os caminhos
propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões.
Ligamos a televisão e ouvimos a batida repetitiva das
escolas de samba, cujo valor folclórico e cultural foi
lentamente sendo perdido. Há muita gente que busca fazer do
carnaval um momento de esperança, oportunizando empregos,
abrigando menores e isso é muito valioso.
Entretanto, o grande saldo da festa se resume em duas
palavras: ilusão e sensualidade.
Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos alcoólicos.
A ilusão de grandeza, que falsamente produz um imenso
contraste entre a beleza da avenida e a subvida dos
barracos.
Falamos da sensualidade que se torna material de venda, nos
corpos desnudos e aparentemente felizes por fora, mas muitas
vezes profundamente infelizes por dentro.
As emissoras não cansam de exibir os bailes, os concursos de
fantasias, os desfiles, levando-os a todos os que se
comprazem em observar a loucura.
Mas, ao longo do caminho, multiplicam-se os doentes de Aids,
os abortamentos, a pobreza e o abandono, a violência.
Com o risco de sermos taxados de moralistas, num tempo em
que se perdem as noções de moralidade, não podemos deixar de
analisar criticamente esses disparates do mundo brasileiro.
Em nenhum momento nos colocamos contra a alegria. Porém,
será justo confundir euforia passageira com alegria real?
Alegria de verdade seria viver num lugar onde não houvesse
fome, violência, tráfico de drogas e tráfico de influências.
Não podemos nos colocar contra o alívio de tensões.
Entretanto, alívio real seria encontrar um caminho para os
graves problemas pelos quais o País atravessa.
O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a
sociedade se permite. De um lado, as falsas aquisições
sociais de alguns, negadas pela agressividade de muitos; de
outro, a falsa felicidade de quatro dias de folia, e 361
dias de novas e renovadas angústias.
Vale a pena?
Nestas horas, pessoas embriagadas, perdidas, usam um segundo
de falso prazer, em troca de um enorme tempo de
arrependimentos. Por quê? - perguntamos.
As pessoas pulam, vibram, e nem ao menos sabem o motivo da
festa. Vão porque as outras pessoas também vão.
Enquanto a sociedade agir desta forma, sem personalidade
digna, dando valores justamente aos desvalores, as pessoas
continuarão sofrendo as conseqüências de seus próprios atos.
Vamos fazer destes dias de feriado, dias de alegria
verdadeira, em paz conosco mesmos.
Vamos meditar, ler, pensar. Vamos conviver com nossa família
e amigos, trocar idéias salutares.
Vamos orar também por aqueles que ainda não tiveram
consciência de fazer o bem conforme o Cristo nos recomendou,
e padecem nestes instantes de euforia descontrolada.
Texto da Equipe de Redação do Momento
Espírita.
|