Profissão Mestre


Fonte : JORNAL VIRTUAL PROFISSÃO MESTRE
Profissão Mestre – Ano 5 Nº 38 – 03/10/07

Educador-adulto, figura de autoridade

Entramos no mês do professor. Então, nada melhor do que pararmos para refletir sobre a educação de nosso país. Mesmo você que não é professor, faz algo por uma sociedade melhor, mais “educada”? Conhece algum projeto que merece ser divulgado? Mande para nós!

Para começar as reflexões, o texto de Jane Patrícia Haddad, pedagoga, psicopedagoga clínica, que também ministra palestras para famílias e educadores.

Ser educador nos dias de hoje não é fácil.O mundo está cheio de opções, ofertas e verdadeiros apelos. Pais e professores sabem o que é tentar conter essa geração imediatista que não consegue sustentar a atenção e muito menos se concentrar em uma aula ou alguma atividade que não lhe seja interessante.

A poluição de informações e estímulos cresce a cada dia; valores básicos estão sendo substituídos por computadores, celulares, videogames e tudo que seja fast food.
Como educadora, percebo que estamos vivendo uma crise moral (o outro não existe, a não ser como instrumento para benefício próprio), convivemos diariamente com uma instabilidade gerada por tantos excessos.

Todos nós estamos acompanhando pela mídia os casos absurdos de indisciplina e violência nas escolas, sejam elas privadas ou públicas. O que mais me preocupa é o número de professores adoecendo e trocando seu ofício por qualquer outro que não seja a educação. E os pais abrindo mão de seus papéis e deixando com que os filhos assumam o comando de suas próprias vidas, pois todos nós sabemos que crianças e jovens contrariados são conflito na certa, e os pais estão fugindo de conflitos com seus filhos. Como estarão as instituições escolares daqui a dez anos? E a instituição família?
Não seria o momento de repensarmos nosso papel de adulto da relação e, principalmente, de figuras de autoridade que deveríamos ser? Valores não devem ser negociáveis – coerência é a regra básica de uma boa educação.

O que percebo é que muitos pais temem perder o amor dos filhos se forem firmes nas regras e cobranças e, com isso, as estruturas familiares estão enfraquecendo cada vez mais. Impor limites de modo claro e afetivo pode gerar enormes benefícios aos jovens e à sociedade.

Talvez seja a hora de admitirmos a hipótese de que estímulos demais e permissividade podem ser catastróficos e, quem sabe, passarmos a orientar crianças e jovens no desenvolvimento da tolerância e frustrações, reduzindo a chance de virem a manifestar a insaciabilidade de sensações na vida adulta.

É preciso que pais e professores resgatem seus papéis de adultos-autoridade. Os jovens estão gritando por isso, eles não estão precisando de adultos-amiguinhos e, sim, de referências e modelos de coerência, de pessoas éticas que conseguem orientá-los dentro de um projeto de vida que fuja do imediatismo em que eles se encontram. É preciso ensiná-los que o futuro depende deste presente tão banalizado por eles.

Acreditem, se resgatarmos nossos papéis com coerência e ternura, iremos parar de ouvir e reclamar tanto de nossas crianças e jovens e, com certeza, estaremos garantindo a continuidade da nossa história e do nosso futuro.  

 

A Redação


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