«A
Educação é um acto de amor, por isso, um acto de
coragem. Não pode temer o debate. Como aprender a
discutir e a debater com uma educação que
impõe?»
(Paulo Freire)
Ao
estabelecer uma clara e definitiva ruptura com a
organização em classe, esta escola assumiu, em
concreto, a tarefa de encontrar uma outra forma de
pensar a organização escolar. Essa ruptura – que não
terá, forçosamente, de acontecer em todas as
escolas, mas em cada qual a seu modo – teve
consequências a vários níveis. Para que se não
cerceasse a liberdade e autonomia dos alunos,
forçoso se tornou que a abertura organizacional
estabelecida fosse sendo matizada por um conjunto
complexo de dispositivos. Estes dispositivos
(citarei alguns) reafirmam a preocupação com o
tratamento integrado das várias finalidades do
projecto.
No
domínio das relações interpessoais e do equilíbrio
afectivo dos alunos, o quadro de direitos e deveres
regula todo o sistema de relações, mas é proposto,
debatido e aprovado pela Assembleia da Escola, no
início de cada ano lectivo.
A
caixinha dos segredos, onde as crianças depositam um
recado, sempre que pretendem conversar em segredo
com algum professor, permite manter e aprofundar
cumplicidades entre alunos e professores e, assim,
reequilibrar afectivamente os alunos.
O
debate é um dispositivo de trabalho colectivo onde
cabem, entre outros, a discussão de assuntos do
interesse dos alunos e a gestão de conflitos.
Realiza-se no final de cada dia de trabalho, excepto
à Sexta-feira, dia em que todos os alunos reúnem em
assembleia.
A
Assembleia da Escola tem um cariz mais formal e mais
abrangente. Obedece a uma convocatória que
estabelece os assuntos a tratar, cujo tratamento e
conclusões são registados em acta no final de cada
reunião. É dirigida pela Mesa da Assembleia, que é
eleita no início de cada ano lectivo. E serve, entre
outros, para preparar projectos, resolver conflitos,
estudar os relatórios das Responsabilidades...
A
organização de meios e a gestão do bem-estar são de
responsabilidade colectiva, de acordo com categorias
de tarefas a que se dá o nome de Responsabilidades,
de que abaixo se apresenta exemplos. O cumprimento
das tarefas incumbe a grupos de alunos, aos quais se
dá o nome de grupos de responsáveis. Há, por
exemplo, o grupo dos murais (a quem compete manter
os murais actualizados e organizados), o grupo do
recreio bom (a quem cabe velar pelo bem-estar de
todos, nos períodos de recreio), o dos responsáveis
pelo material comum, pelo terrário, etc. De quinze
em quinze dias, todos os grupos de todas as
responsabilidades apresentam na Assembleia o
relatório com tudo o que fizeram da sua
responsabilidade, durante esse tempo.
Esta breve súmula (uma pesquisa efectuada em 1998
identificou 72 dispositivos criados na Ponte)
constitui somente uma introdução ao estudo da Ponte,
enquanto organização.
*José Pacheco, educador que tive o
privilégio de conviver em São Luis do Maranhão em um
Congresso, nestes dias. Educador que me emocionou,
reconheci algo de familiar nele " Brilho nos olhos"
, aquele brilho, que tanto falo em minhas Palestras,
poucos educadores ainda os mantém, acredito ter sido
um (re) encontro um (re) fazer de percursos, já que,
pela terceira vez, ministramos Palestras, juntos,
sem o verdadeiro encontro , mas este, aconteceu em
São Luís.