Escola Ponte - Um sonho possível


José Pacheco, 55, nasceu na cidade do Porto, em 10 de maio de 1951. Completou o curso de eletricista e trabalhou nesse ofício até cursar Engenharia Eletrônica.

Em 1970, no entanto, optou por trabalhar em Educação. Chegou à Escola da Ponte (Vila das Aves) em setembro de 1976, iniciando o projeto “Fazer a Ponte”.

Em 1991 licenciou-se em Ciências da Educação na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação na Universidade do Porto. Em 1995, nessa mesma universidade, obteve o grau de Mestre em Educação da Criança.

Em, recebeu a Ordem da Instrução Pública, maior premiação que o governo português concede a profissionais da área de educação. Este texto mantém a grafia original portuguesa.

             Autor de vários livros, entre os quais: - Escola da Ponte; Sozinhos na Escola; Para os Filhos dos Filhos dos Nossos Filhos; Para Alice com Amor

«A Educação é um acto de amor, por isso, um acto de coragem. Não pode temer o debate. Como aprender a discutir e a debater com uma educação que impõe?»                                                                                                                               (Paulo Freire)

 Ao estabelecer uma clara e definitiva ruptura com a organização em classe, esta escola assumiu, em concreto, a tarefa de encontrar uma outra forma de pensar a organização escolar. Essa ruptura – que não terá, forçosamente, de acontecer em todas as escolas, mas em cada qual a seu modo – teve consequências a vários níveis. Para que se não cerceasse a liberdade e autonomia dos alunos, forçoso se tornou que a abertura organizacional estabelecida fosse sendo matizada por um conjunto complexo de dispositivos. Estes dispositivos (citarei alguns) reafirmam a preocupação com o tratamento integrado das várias finalidades do projecto.

No domínio das relações interpessoais e do equilíbrio afectivo dos alunos, o quadro de direitos e deveres regula todo o sistema de relações, mas é proposto, debatido e aprovado pela Assembleia da Escola, no início de cada ano lectivo.

A caixinha dos segredos, onde as crianças depositam um recado, sempre que pretendem conversar em segredo com algum professor, permite manter e aprofundar cumplicidades entre alunos e professores e, assim, reequilibrar afectivamente os alunos.

O debate é um dispositivo de trabalho colectivo onde cabem, entre outros, a discussão de assuntos do interesse dos alunos e a gestão de conflitos. Realiza-se no final de cada dia de trabalho, excepto à Sexta-feira, dia em que todos os alunos reúnem em assembleia.

A Assembleia da Escola tem um cariz mais formal e mais abrangente. Obedece a uma convocatória que estabelece os assuntos a tratar, cujo tratamento e conclusões são registados em acta no final de cada reunião. É dirigida pela Mesa da Assembleia, que é eleita no início de cada ano lectivo. E serve, entre outros, para preparar projectos, resolver conflitos, estudar os relatórios das Responsabilidades...

A organização de meios e a gestão do bem-estar são de responsabilidade colectiva, de acordo com categorias de tarefas a que se dá o nome de Responsabilidades, de que abaixo se apresenta exemplos. O cumprimento das tarefas incumbe a grupos de alunos, aos quais se dá o nome de grupos de responsáveis. Há, por exemplo, o grupo dos murais (a quem compete manter os murais actualizados e organizados), o grupo do recreio bom (a quem cabe velar pelo bem-estar de todos, nos períodos de recreio), o dos responsáveis pelo material comum, pelo terrário, etc. De quinze em quinze dias, todos os grupos de todas as responsabilidades apresentam na Assembleia o relatório com tudo o que fizeram da sua responsabilidade, durante esse tempo. Esta breve súmula (uma pesquisa efectuada em 1998 identificou 72 dispositivos criados na Ponte) constitui somente uma introdução ao estudo da Ponte, enquanto organização.

*José Pacheco, educador que tive o privilégio de conviver em São Luis do Maranhão em um Congresso, nestes dias.  Educador que me emocionou, reconheci algo de familiar nele " Brilho nos olhos" , aquele brilho, que tanto falo em minhas Palestras, poucos educadores ainda os mantém, acredito ter sido um (re) encontro um (re) fazer de percursos, já que, pela terceira vez, ministramos Palestras, juntos, sem o verdadeiro encontro , mas este, aconteceu em São Luís.

 


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