Por:
Adelaide Marques
Em uma tira da sua Mafalda, Quino mostra o irmãozinho da
personagem correndo de um lado para outro. Ela então
pergunta onde ele iria com tanta pressa. O bebezinho
responde:
— Não sei, mas hoje em dia não se pode perder tempo.
Que geração, pensa Mafalda.
É, que geração. Vive sobre a pressão do tempo, do excesso de
opções até mesmo para se divertir. E isso muda a maneira com
a qual seus alunos agem na sala de aula. Veja como:
1 – Mesma atenção para um bombardeio maior
O ser humano não evolui rapidamente, pelo menos não no
espaço de duas gerações. A capacidade de absorver estímulos
ao ambiente não mudou muito nos últimos tempos. Mas foi
elevada à última potência os estímulos que chegam até nós
diariamente. Publicidade, logomarca, notícias, dezenas de
canais de televisão, colegas, pais, amigos virtuais.... e
professores. Muitos mestres reclamam que os docentes não
prestam mais atenção nas aulas. A surpresa seria se eles
prestassem.
Como agir – A pior atitude que você pode tomar é tornar sua
matéria estanque sem conexão nenhuma com outros assuntos.
Seus alunos estão tão sobrecarregados que necessitam de uma
âncora em sua matéria, algo que os conecte com o mundo
conhecido. Não trate sua matéria como uma abstração, leve-a
até o mundo deles. Ligar sua disciplina em algo do dia-a-dia
de sus discípulos é abrir uma porta na mente sobrecarregada.
Isso vale tanto para programas de televisão, o momento
político do país ou a comunidade. Use o que você vê aí fora.
2 – Computador, computador
A educação vive uma grande discussão, com ótimos argumentos
dos dois lados. Um grupo afirma que toda sala de aula deve
contar com acesso à Internet, desde a mais tenra idade dos
discípulos. Outros afirmam que o computador não é tão
importante assim, que deve-se concentrar em ensinar às
crianças o básico: português, matemática, ciências,
cidadania. Deve-se ensinar a pensar, ou as crianças não
aprenderão a usar o computador ou qualquer outra máquina.
Porém, pode-se considerar que lidar com o computador e a
rede mundial de informação já é uma necessidade básica. Mas
não é o suficiente.
Como agir – Um computador em sua sala de aula é,
intrinsecamente, tão benéfico quanto uma televisão ou uma
máquina de escrever em sala de aula. É necessário a presença
de alguém junto aos alunos, dando-lhes motivação para
aprender, mostrando-lhes os caminhos de uma pesquisa segura
e efetiva.
Outro ponto a ponderar é a democratização do ensino. Vários
educadores elogiam o rede mundial, e a informação que ela
coloca à disposição de todos. Todos, em termos.
Ainda são poucos os que possuem Internet em casa. Lógico, os
números estão mudando, e rapidamente. Por exemplo, certo dia
eu estava estava vindo para a editora, esperando o ônibus.
Passa pelo ponto um gari da prefeitura. Ele pára, tira a
luva, pega o celular no bolso e fala. Os computadores ainda
não chegaram nesse ponto. Vai ter uma hora em que eles vão
chegar, mas não é agora.
Então, se quiser promover o uso da Internet, o faça em sala
de aula. Quem quiser pesquisar em casa, ótimo. Mas tarefas
com a utilização do computador devem ser feitas ali, sob sua
supervisão. É a única maneira, de dar acesso à todos à
informação.
|