O gerente
educador e o desenvolvimento de pessoas
Por Luis Carlos Moreno
A
necessidade e importância da compreensão do comportamento
organizacional são assim evidenciadas para uma adequação das
exigências com atividades e tarefas, organização e equipe,
clientes internos e externos, fornecedores, parceiros e
comunidade. A atualização, o aperfeiçoamento e
desenvolvimento profissional, também denominado Educação
Continuada, consolida-se hoje na concepção de Educação
Corporativa, agregando valor à carreira do profissional,
acrescentando e desenvolvendo competências.
O desenvolvimento organizacional é imperioso, imediato,
contempla imprevisibilidades numa velocidade jamais
vivenciada pelos humanos. Assim, o comportamento necessário
é o da aplicação das competências para o desempenho
desejado, medido pelos resultados, na busca da realização
pessoal através de um trabalho desafiante, inteligente –
criativo e gratificante – o que potencializa o humano.
O gerente educador pode mudar as pessoas por meio do seu
próprio comportamento, uma vez que os seres humanos aprendem
(e muito) por imitação; processos de comunicação; tomada de
decisão; solução de problemas, por extensão, pode
influenciar as atitudes e comportamentos de todos os
integrantes da organização. O gerente educador, para plena
eficácia, emprega seis competências:
1.
Controla o ambiente e os recursos da
organização tomando decisões preventivas
2.
Organiza e coordena em torno de tarefas e
relações interdependentes
3.
Trata as informações identificando problemas
para tomar decisões e comunicá-las
4.
Provisão de crescimento e desenvolvimento
para si e seus funcionários
5.
Motivação dos funcionários e administração de
conflitos no trabalho
6.
Tem solução de problemas estratégicos por
meio da tomada de decisões e do incentivo às decisões por
parte dos seus funcionários
Os resultados esperados desse desempenho são:
-
Maior
integração entre as áreas, departamentos e grupos
organizacionais (reais e virtuais)
-
Ativação, facilitação e incrementação do processo de
comunicação interpessoal
-
Maior
cooperação intergrupal (o verdadeiro sentido e natureza
do time)
-
O
relacionamento entre pessoas flui
-
Aumenta
a produtividade, a segurança e a qualidade
-
Gerenciamento atualizado e dinâmico, que enfatiza a
liderança
Percepções
Percepção é a forma pela qual se vê o mundo, ou seja, de
acordo com as suas vivências, interpreta e percebe as
coisas. A referência é sempre pessoal. O comportamento em
relação à outra pessoa implica numa progressão que é
iniciada pela formação de uma impressão dela. Muitos
conhecem a expressão “A primeira impressão é a que fica”.
Isso significa, na prática, que se temos uma impressão
favorável de uma pessoa, reagimos positiva e favoravelmente.
O inverso também é aplicável.
Percebemos através dos sentidos: audição, olfato, paladar,
tato e visão. A maneira pela qual uma pessoa percebe as
outras pessoas ou coisas é muito influenciada por sua
formação, posição, seu ambiente, suas crenças, padrões
culturais. O mundo, a vida, o trabalho, as pessoas, são o
que eu vejo, penso ou o que eu sinto?
Sensações
O filósofo David Hume (1711–1776), depois de se observar a
fundo, declarou não ter localizado uma identidade duradoura,
mas apenas "um feixe de sensações". Asseverava que os seres
humanos são "nada além de uma coleção de percepções que se
sucedem umas às outras com rapidez inconcebível e estão em
perpétuo fluxo e movimento". A análise de Hume implica que
nosso senso de nós mesmos como indivíduos coerentes e
contínuos é uma ilusão. E quantas ilusões sobre os
profissionais são cultivadas pelos gerentes? Talvez a mais
aceita (e praticada por muitos gerentes) é a de que os
profissionais são máquinas repetidoras de comportamentos
impostos, sugeridos ou simplesmente exigidos pelas
organizações ou pelo seu modelo de comando.
Aprendizagem importante: os humanos respondem ou reagem a
estímulos significativos. Não percebemos as pessoas como
elas são e sim como nos parecem ser, pelo o que significam
para nós. Considere como compreendendo o mundo em que
vivemos e particularmente aquelas partes relativas a nós
mesmos e às nossas relações com as outras pessoas. Antes de
tudo, nós organizamos o mundo de acordo com conceitos ou
categorias. Numa expressão: rotulamos. Dizemos que as coisas
são quentes ou frias, boas ou más, simples ou complexas.
Conceitos
Cada vez que consideramos qualidades em nós mesmos, em
outras pessoas ou fatos do mundo, usamos conceitos.
Dependemos deles e das categorias para organizar nossas
experiências, aprendizagens e conhecimentos. Como entender
ou explicar nossa relação com o trabalho sem o conceito de
realização?
A maioria de nós desenvolveu um conjunto personalizado de
conceitos e os usa para interpretar o comportamento alheio.
Essas preferências conceituais freqüentemente se relacionam
com nossa motivação. O gerente educador sabe que os fatores
que influenciam no processo perceptivo são:
-
Seletividade –
Nossos órgãos sensoriais são atingidos simultaneamente
por uma imensa variedade de estímulos, mas só percebemos
um subconjunto deles ou aqueles que nos interessam no
momento. Quando dirigimos um veículo não estamos
preocupados ou dedicando atenção às árvores pelas quais
estamos passando, embora percebamos sua existência.
-
Experiências anteriores
– Nossas experiências passadas facilitam a percepção de
estímulos com os quais entramos em contato mais
rapidamente com a nossa mente. Exemplo: em referência a
um grupo de pesquisadores num projeto – “Já trabalhei
com cientistas, sei como gerenciá-los”.
-
Condicionamento
– Se compensarmos sujeitos de um grupo todas as vezes
que eles percebem coisas que não condizem com a
realidade e puni-los quando percebem o contrário, ou
seja, quando perceberam coisas que condizem com a
realidade, a tendência é que esse condicionamento influa
no processo perceptivo.
-
Fatores contemporâneos
– Sensações de sede, fome, depressão, fadiga, etc.,
podem influenciar na percepção do estímulo sensorial. O
profissional ansioso e com medo de ser dispensado da
empresa vê no comportamento do seu gerente sinais de
descontentamento e indícios de uma demissão.
-
Estereótipos –
Consiste na imputação de certas característica, a
pessoas pertencentes a determinados grupos, aos quais se
atribuem determinados aspectos físicos. Podem ser
positivos ou negativos.
-
Preconceito –
Consiste em formar previamente o conceito de uma pessoa,
antes mesmo que tenhamos informações suficientes para
julgá-la. Preconceitos como cor, raça, religião, sexo,
etc. tornam a nossa percepção influenciada e nem sempre
condiz com a realidade.
-
Atribuição de intenção
– É o processo pelo qual um gerente reconhece a intenção
na ação de outro profissional. Isso pode ocorrer quando
achamos que sabemos as intenções das pessoas quando se
comunicam conosco ou estão prestes a praticar alguma
ação.
Nem
sempre aquilo que vemos ou julgamos estar vendo condiz com a
realidade; temos de levar em conta todos os fatores que
podem estar nos influenciando para que vejamos coisas que
estão fora da realidade. Quando um gerente percebe mal, ele
não se comunica de forma eficaz e, conseqüentemente, também
se relaciona mal com as pessoas.
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