A escola dos pesadelos


O modelo tradicional escolar de maneira geral se utiliza da coerção e autoridade para que as crianças façam exatamente aquilo que os adultos querem e planejaram para elas, ainda que elas não gostem nem se sintam motivadas. Como resultado de tudo isso, temos um processo educacional formal desastroso, onde os alunos não gostam de ir para a escola e muito menos de estudar. Todo o processo de educação formal nas crianças  é feito por imposição dos pais e normas e ordens da Instituição Educacional que  as acolhe. Assim o sentido de educação é deturpado, pois os que deveriam ser os  grandes beneficiados do processo não se identificam com ele e apenas cumprem as tarefas por imposição dos adultos, quer os pais quer os professores e diretores. Com isso, cumpre-se exigências legais, preenche-se estatísticas, mas as crianças pouco crescimento conseguem em um tipo de educação como essa.

As escolas precisam estar preparadas para os problemas das crianças. Não se trata de  encontrar culpados pois a educação não segue as regras e lógica do judiciário, mas atribuir os problemas que as crianças têm a si mesmas é tapar o sol com a peneira. A grande responsabilidade é social e principalmente familiar e os sistemas educacionais precisam encontrar métodos de educação que entrem no mundo dessas crianças para resgatá-las em sua cidadania, pois  a Educação é uma profissão de esperança. Nos guiam desejos: que nossos alunos descubram o gosto de aprender.Um sentimento de justiça e de cuidado mútuo. Aspiramos em converter nossos alunos em cidadãos reflexivos, criativos e comprometidos. Aos professores inspiradores lhes motiva seus sonhos de um mundo melhor. O desejo de melhorar a educação surge naturalmente de nosso compromisso com o futuro. Reconhecemos as limitações materiais, porém não podemos permitir que nos faltem o entusiasmo. Os bons mestres nunca estão satisfeitos  com situações desmotivantes, relações hostis e métodos que levam ao desânimo ou à confusão. A qualidade da escola está relacionada à profissionalidade dos professores. É umas expressão de nossa esperança em escolas melhores e uma vida melhor. Rechaça o cinismo que culpa os alunos por sua falta de êxito: nego o determinismo sociológico que diz simplesmente que os pobres estão destinados a fracassar”( Wrigley, 2007. Pg.13).

Muito se tem publicado sobre educação e as formas mais eficientes de o fazer.  A cada ano, dezenas de teses dão o título de doutor a tantos educadores que desenvolvem seus estudos com seriedade, mas o alcance de seus estudos e as mudanças e ganhos na educação dessas crianças não se vê.  Parece que esses estudos apenas ajudam aos pesquisadores em seus empregos e trabalhos, lhes dão projeção, melhoram a qualidade de suas vidas e familiares, mas os resultados dos seus estudos não chegam até aos beneficiários que são as crianças. Todos esses estudos também parece se inserir dentro do mesmo modelo vicioso onde o resultado de cada investigação é sempre um pouco mais do mesmo, pois o problema está na base e nos princípios que guiam todo o processo pois “ de um lado, as situações de formação normalmente organizadas segundo uma lógica dos conteúdos a transmitir e das disciplinas a ensinar; de outro lado, as situações de trabalho organizadas a partir de uma lógica dos problemas a resolver e dos projetos a realizar(Finger & Nóvoa  1988 p. 110, citado por Pacheco, 2009).

Incontestavelmente nosso modelo educacional  mais doura a pílula das estatísticas governamentais do que educa. Nossas escolas têm causado grandes prejuízos a todas as partes envolvidas. De  lá saem professores  estressados e doentes que, quando se aposentam, vão engrossar as filas das farmácias e hospitais. Também de lá saem alunos com algumas informações que foram colocadas goela abaixo numa relação de autoritarismo,  supostamente úteis para o mercado de trabalho,  mas deformados em seus valores, embotados na capacidade de pensamento e com o conceito de cidadania comprometido. Nossos professores, da mesma forma que nossos alunos, merecem muito mais do que isso. Um mundo melhor é possível. Nossos professores e nossos filhos merecem!

Cláudio Vital é Psicólogo, Dr. Em saúde mental, Psicanalista e escritor. Professor Associado do Instituto de Psicologia da UFU. A coluna Pensando Bem é publicada no site aos sábados.

 

 

 


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