Nosso corpo se renova em velocidade impressionante e todas
as mudanças são feitas em nosso benefício. Em poucos anos
nosso corpo se renova completamente. Da mesma forma, nossa
mente vai passando por transformações ao longe de toda a
vida. Vamos através da experiência e educação estabelecendo
crenças, valores, paradigmas que vão nos guiar os passos
seguintes. As experiências vividas, mesmo aquelas aprendidas
de maneira formal como a educação nas escolas, elas nos
mostram caminhos, nada mais do que isso. Os adultos passam
para as crianças suas próprias experiências. Alguns dos
ensinamentos são adaptativos para os filhos mas nem sempre
isso ocorre. Assim ao longe da vida, ao mesmo tempo em que o
ser humano vai se defrontando com novas experiências, novos
aprendizados podem ocorrer. No entanto, velhas crenças,
valores e paradigmas muitas vezes precisam ser renovados e
mudados para que haja um processo de adaptação melhor.
Dentro da psicanálise Freudiana, aprendemos que nossa
infância tem uma influência decisiva na formação da
personalidade de cada pessoa. No entanto para Jung, outro
psicanalista, uma espécie de memória genética psicológica,
os famosos arquétipos, teriam grande influência na formação
da personalidade de cada indivíduo. Parece inegável que
tanto alguns fatores de comportamento de nossos ancestrais
possam influenciar nossos atos no presente, da mesma forma
que as experiências de nossa infância tenham influência
sobre a formação de nossa personalidade e comportamento na
vida adulta. No entanto, parece que tem sido dado um peso
demasiado grande a esses fatores, o que tem servido para
justificar nossos comportamentos na vida adulta.
A experiência humana tem mostrado que algumas pessoas que
nasceram e se desenvolveram em condições extremamente hostis
tanto no aspecto relacionado com o biológico, quanto com o
psicológico, quando conseguiram sobreviver, na vida adulta
demonstraram ser saudáveis tanto biologicamente quanto
fisicamente. Parece que, em verdade, o que determina nossos
comportamentos são nossas crenças, que aos poucos as
transformamos em paradigmas. Se um individuo se considera um
vitorioso ou um fracassado; inteligente ou burro; sábio ou
estulto; saudável ou doente; sensato ou louco, ele sempre
está certo, pois agirá de acordo com sua crença. Paralelo às
crenças e paradigmas, a força de vontade é um outro fator
determinante de nossos comportamentos e direciona nosso
futuro. É muito mais fácil sempre diante de nossas
dificuldades culpar um possível trauma infantil, o tipo de
amor que nossos pais nos deram, a qualidade da Escola onde
fomos matriculados, a faculdade onde fizemos a duras penas
nosso curso superior. Alguns justificam o fracasso afirmando
que seus pais diziam que eram burros ou que o médico ou
psicólogo um dia disse que eram loucos ou nervosos e por
isso agem como burros ou loucos. Por sermos o que cremos
ser, a força de vontade pode nos transformar no que queremos
ser e podemos ser ou ter o que nossa imaginação definir.
Incontestavelmente é difícil ser saudável em um mundo
hostil. Quanto piores as condições vivenciadas por alguém ao
longo da vida, tanto no aspecto biológico quanto no
psicológico, maiores serão as dificuldades para se manter
saudável. No entanto, o ser humano encontra grandes
resistências internas ao ter que lidar com as próprias
culpas e assumir as responsabilidades por seus atos. O
gênesis, na Bíblia, já mostra claramente essa dificuldade
quando Deus aborda Adão e lhe pergunta sobre o fruto
proibido e ele em vez de assumir a responsabilidade por o
ter comido, imediatamente passa a responsabilidade para Eva.
Ela, quando argüida, imediatamente passa a culpa por seu ato
para a serpente e como essa não tinha como se defender, a
bola está rolando até hoje e preferimos sempre encontrar um
culpado por todos os problemas que temos dentro de nós. Se
você se vê como um fracassado ou como um vencedor você
estará sempre certo e isso não faz a menor diferença pois
tanto ser vencedor quanto fracassado te expõe a grandes
dificuldades. O grande diferencial está na tua vontade e
definição de que lado quer estar, no lado dos fracassados ou
dos vencedores. Mãos a obra, ainda há tempo. Você chegará
onde quiser, apesar dos erros que já cometeu!
Cláudio Vital é Psicólogo, Dr. Em saúde mental, Psicanalista
e escritor. Professor Associado do Instituto de Psicologia
da UFU. A coluna Pensando Bem é publicada no site aos
sábados.
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