“ O mundo precisa de jovens competentes, flexíveis, críticos e conscientes de seu papel de agente transformador na sociedade em que vive...tem que saber trabalhar em equipe...”
Quem de nós nunca ouviu tal afirmação?
Atualmente como mãe e educadora é o que mais escuto e reproduzo para minha filha, meus pacientes e alunos. Eu não discordo de tal afirmação, o que venho discordando a cada dia , são os caminhos que estão sendo adotados pelas Instituições Família e Escola, para que este fim seja atingido.Caminhos estes que, muitas vezes ferem o respeito humano e os valores básicos de uma sociedade. Tenho vivenciado verdadeiros “massacres psicológicos”, pais que comparam filhos; professores que expõem alunos perante a turma ; competição na linha do ganha-perde, sem uma ética pré estabelecida, fracasso escolar e até agressões verbais e físicas. Tudo em nome da famosa frase: “ Formar jovens polivalentes, competitivos, para o Mercado Selvagem que se encontra ai fora...”
Como educadores temos a obrigação de entender e respeitar o processo de amadurecimento de um jovem que, já é por si só muito difícil, é um momento de inconstância dos vínculos afetivos, é um processo de transformações físicas e psíquicas, momento de novas e estranhas sensações de desamparo e medo do futuro ( cada vez mais incerto).
O trabalho com adolescentes, muitas vezes é desgastante, mas nos desafia diariamente . Como educadores, a cada dia procuro reinventar formas de perceber e de me comunicar com este jovem confuso diante de tantas informações. Alguns canais que venho descobrindo é o encantamento por esta fase , tão contestada e temida por nós adultos, e outro canal que uso é o constante exercício de alteridade a que me proponho. Em meu contato diário com adolescentes, procuro colocar-me em seu lugar e muitas vezes revejo o meu próprio processo de adolescer.
Hoje como educadora entendo que o processo de adolescer, não precisa e nem deve ser forçado, o amadurecimento é um longo processo, que acontece dentro de um tempo e um espaço ( nem sempre determinado por nós adultos).
Cada ser humano, tem seu tempo, tem ,sua história, seu jeito de ser e de agir, que deve ser respeitado.
Concordo que nossa sociedade necessita de jovens críticos, flexíveis e movidos por desejos de transformação, mas primeiro é preciso orienta-los a transformar seus próprios medos de perdas, de abrir mão de algo,amadurecer é perder, são perdas necessárias. Os jovens precisam saber se frustrar e prosseguir.
Tempos Modernos é o Hoje, a hora é agora, o momento de formarmos estes jovens é hoje, amanhã é conseqüência do que fizermos hoje.
Em Tempos Modernos, como educadora eu reafirmo que, a regra básica do processo de educar é o olhar singular e uma escuta apurada. A solução pode estar na capacidade de sentir estes jovens.
Aquele que é capaz de sentir também é capaz de manter as conexões que o impedem de ser devorados.
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