Jane Patrícia Haddad

Palestras e Conferências

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Claudio de Moura Castro: "Vivi uma montanha russa educacional" O economista conta que teve o pior e o melhor em sua vida de estudante


Foto: Claudio de Moura Castro aprendeu inglês lendo revisas de eletrônica


Claudio de Moura Castro aprendeu inglês lendo revisas de eletrônica


Muitos têm a fortuna de receber uma Educação sólida, do início até a formatura. Outros sofrem com escolas ruins, sem jamais receber delas as luzes. No meu caso, vivi uma montanha russa educacional. Tive o pior e tive o melhor. Sobrevivi. Mas foi por pouco.

Cursei o ginásio em uma escola do interior, em que todos os professores eram sérios e comprometidos. Mas por lá não aterrissou o sonho de descobrir a beleza das ideias. Era um saber bolorento e decorado. Eu sentia isso e me vingava, infernizando a vida dos professores e diretores. No entanto, nesse período houve três eventos marcantes.

O primeiro é que, lendo e perscrutando por trás dos assuntos mortos trazidos à sala de aula, convencia-me de que havia um mundo das ideias e que nele havia a vida que não chegava à minha escola. Ou seja, vislumbrei esse mundo, apesar dos professores que tive.

Como a escola era supremamente chata, gastei todas as minhas energias em aprender mecânica, ferraria e marcenaria, na fábrica em que meu pai trabalhava. Lá descobri o mundo das ferramentas e dos processos mecânicos. Descobri a inteligência embutida em tudo isso - ao contrário do que pensam os trabalhadores da caneta. Vivi o supremo prazer de fazer bem feito, de buscar a perfeição nos trabalhos realizados. Isso tudo, aprendi em uma oficina e não nas muitas escolas que frequentei.

Amainada a fase da mecânica, fiz um curso de rádio-técnico por correspondência. Era o mundo da eletrônica que se abria e me deslumbrava. De quebra, aprendi inglês lendo revistas de eletrônica.

Continuei frequentando escolas boas e ruins. Porém, houve uma virada em minha pós-graduação. Talvez fosse um prêmio do destino, por haver resistido a tanta Educação medíocre. Fui aluno de Mario Henrique Simonsen, de Amartya Sen (prêmio Nobel) e de Georgescu-Roegen (quase prêmio Nobel). Frequentei algumas das melhores universidades do globo. Lá descobri um mundo que não passava de uma miragem na minha juventude.



Claudio de Moura Castro é economista e articulista da revista VEJA. É graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre pela Universidade Yale e doutor pela Universidade Vanderbilt