“ Seu olho me olha mas não pode me alcançar” Caetano Veloso
Os jovens têm sido alvo de nossas preocupações e esforços, o mundo em constante e rápidas transformações provoca profundas mudanças em todos nós.
A modernidade trouxe uma série de conquistas, mas, em contrapartida, uma série de perdas, a solidão já é um sintoma do século XXI, sintoma este que reflete uma sociedade cada vez mais pragmática, insensível, consumista e individualista.
Minha preocupação com os jovens é grande já que, a adolescência por si só já é uma fase conflituosa, é com grande estranhamento que lidamos com ela e com nossos jovens. Como disse Freud,”o que nos causa estranhamento já nos foi familiar um dia”. Na adolescência, a ambivalência afetiva, emocional e física que o sujeito está vivendo é incompreensível não só para ele, mas muitas vezes também para os adultos que os cercam ( revivemos nosso próprio processo de adolescer, nem sempre bem elaborado).
Atualmente meu grande mal estar é observar nossos adolescentes seja pela violência explícita que diariamente somos acometidos pela mídia ou mesmo pela dificuldade que temos em atingi-los com nossas reflexões e valores, ou tentando implicá-los em nossa sociedade de forma atuante e responsável. Pesquisas apontam que, apesar de uma aparente apatia diante da vida, na verdade eles se sentem desamparados diante de tantas mudanças e incertezas. E em dias de modernidade, de tanto aperfeiçoamento tecnológico, calcula-se que ao final do século, teremos todas as informações do mundo embutidas num pequeno computador que poderemos levar no pulso. No entanto, para que serve a informação se não soubermos pensar ( estabelecer relações)? De nada servirá o progresso dos objetos se não houver uma evolução do pensar e do sentir. Apesar de tanta tecnologia e tantos avanços nossos jovens se sentem sós e perdidos em si mesmo. Há uma busca incessante de nossa parte em momentos de desamparo buscarmos responsáveis para tamanha apatia, seja na família ou na escola. Buscar um responsável é a solução? Nosso mal estar irá diminuir?
Acredito que os jovens devam ser o nosso alvo sim, mas em vez de buscarmos responsáveis pela apatia deles, quem sabe devamos buscar uma mudança de olhar e até mesmo de rota.” A verdadeira viagem da descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em possuir novos olhos.” Marcel Proust
Modernidade, momento propício a nossa dedicação pessoal, marco de um novo tempo de um novo olhar . Construção de um novo pensar.
Modernidade... momento de reflexão... momento de repensar uma nova ética onde nossos jovens sejam o valor principal.
A meu ver o que nos falta é um verdadeiro encontro com o outro, lembrando que, educar é ir ao encontro do outro e para o outro.
Modernidade é acreditar é fazer história é deixar marcas.
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