A Assprom promoveu, no dia 14 de novembro, mais um Encontro de Coordenadores de Adolescentes Trabalhadores e Aprendizes, no auditório do CREA/MG. O evento acontece anualmente com o objetivo de passar orientações aos coordenadores, no sentido de auxiliá-los em relação às dúvidas que surgem no dia a dia com o adolescente ou jovem. O tema deste ano foi “Pontos e Nós... Desatando pontos, revendo o sentido do educar”.
A palestra foi ministrada pela especialista em psicanálise, mestre em educação, Jane Patrícia Haddad. Ao final, os participantes puderam tirar suas dúvidas. Em função do tempo, houveram algumas perguntas que não puderam ser respondidas.
Abaixo, as perguntas com as respostas da palestrante:
1 - Como trabalhar com os jovens que se sentem excluídos pelos padrões de beleza e mídia? Como sensibilizar estes jovens sobre a importância de gostar de si, valorizar seu potencial?
Acredito que este fenômeno, é algo que estamos enfrentando diariamente com as novas gerações, já que, hoje prega-se um padrão de beleza “quase” impossível. O que venho trabalhando junto aos jovens com tal distorção de imagem, é um “reposionar-se” do que eles entendem como belo. Dinâmicas voltadas para o EU, algo que consiga trabalhar o que eles tem e não o que lhe falta. Pode-se selecionar diversas imagens, com diferentes padrões de beleza e começar um debate sobre tais BELEZAS...
2 - Como trabalhar com um jovem que quer ser bem sucedido em tempo curto e sem estudo?
Quase todos querem ser bem sucedidos. Eles descartam o processo em detrimento do momento. Ser bem sucedido é uma consequência de um trabalho intelectual árduo, leituras, comunicabilidade, educação emocional e disciplina... É aquilo que mostrei na palestra, a noção de tempo deles, é instantânea. Como coordenadores que são, devem buscar algumas estratégias sobre o processo... Alguns recortes de filmes, histórias e principalmente pessoas bem sucedidas que possam falar sobre isso.
3 - Como estimular os jovens na importância da profissionalização, estudos, mesmo diante das dificuldades e faltas de referências?
Hoje em dia, passamos por uma grande dificuldade de mão de obra qualificada. Existem pessoas com Doutorado, desempregado, mas aquele que sabe algum ofício está cheio de emprego e novas propostas. Infelizmente, tais jovens (que vocês atendem) têm como referências, VOCÊS. Talvez, vocês sejam a única oportunidade deles. Falem de vocês, contem os casos de jovens que já passaram pelo projeto e conseguiram encontrar outros caminhos.
4 - Como lidar com o adolescente com déficit de atenção no trabalho. O adolescente é dedicado, mas não consegue executar suas atividades sem que tenha todos os comandos tipo passo a passo. Como abordar esse jovem no sentido de alertá-lo e ajudá-lo nessas dificuldades?
Entreguei para Ludmila, meu livro (minha autoria) Cabeça nas Nuvens: Orientando pais e professores sobre o TDAH (inclusive falo muito sobre esse assunto). Tais jovens precisam ser reorientados de como aprender, como o seu tempo e atenção são diferentes e como eles poderão se beneficiar disso.
5 - Como lidar com os adolescentes que hoje assumiram o papel de chefes de família, a quem foi transferido responsabilidades, teve inversão de papeis no âmbito familiar?
Acredito que eles deverão ter um apoio de algum adulto, pois para assumirem tais responsabilidades, eles necessitam ser escutados em suas dificuldades e encontrar um sentido nessa nova posição.
6 - Qual é a sua visão em relação a exigir que o jovem adote uma apresentação formal (uso de piercing, corte de cabelo exótico), proibidos no ambiente de trabalho. Estamos obrigando o adolescente a padronizar e não considerando sua subjetividade?
Com certeza, cada vez mais, eles sentem necessidade de marcar seu corpo, até como uma forma de serem vistos. O que temos que fazer, é orientá-los sobre os preconceitos que existem. Já vi muitos jovens perderem oportunidades de trabalho por isso. Considero os piercings, tatuagens e penteados, como algo quase “necessário” para que eles marquem suas “rebeldias” própria das fases de transição. O ideal é que não chamemos atenção para isso.
7 - Como educar, transmitir valores aos adolescentes, em meio a uma sociedade que o modelo que o adolescente tem em casa vai na "contramão" do que está sendo ensinado?
Acredito muito na educação do exemplo, aquilo que fazemos é o que eles estão observando e seguindo, desde que eles nos “admirem” como autoridades. Conversar muito com eles, o que são valores, o que deve ficar e o que pode ser negociado. Também gosto muito de trabalhar com recortes de filmes, onde depois um reflexivo debate, os conduza a pensar as normas, regras e princípios. Falar muito, não resolverá muito.
9 - Qual a importância da afetividade no processo educativo?
Total, sem afetividade não chegamos a lugar nenhum. Só aprendemos com aqueles que gostamos, com aqueles que sentimos que se preocupam com a gente e, principalmente, com aqueles que acreditam em nós. Sem afeto, nada se transforma. O momento atual requer de nós, falar mais sobre nossas emoções, colocar em palavras o que às vezes, eles colocam em violência.
10 - Como tratar a questão da homossexualidade com adolescentes de maneira que isso não venha a se tornar bullying no ambiente de trabalho ou escola?
Trabalhando a diversidade de raças, sexo... Respeitar cada um em suas escolhas. Aquele pedaço da minha palestra, em que trabalho os diversos pontos de vista. Sair do seu ponto de vista e olhar o do outro. Quem disse que existe apenas, uma forma de casamento? De namoro? O importante é trabalhar o respeito.
Sobre esse assunto, digite no youtube uma entrevista minha sobre Cyberbullying.
Segue o link: http://blog.cancaonova.com/bh/2014/04/02/cyberbullying/
Jane Patrícia Haddad
www.janehaddad.com.br
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