Por: Jane Patricia Haddad
Em tempos de “isolamento social” coloquei entre aspas, pois não me vejo em isolamento, já que não estou em um hospital, lutando pela vida. Ainda sou uma das privilegiadas que pode ficar em casa. Bom, vamos a pergunta: O QUE TENHO FEITO? Bom, estou tentando encontrar meus próprios recursos para lidar com esse momento, em alguns momentos eu me pego fugindo do princípio de realidade. Mas tudo bem, tenho me permitido isso, vivo uma montanha russa, altos e baixos . Como diz Clarice Lispector: “Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever”. Diante da pergunta que muitos estão me fazendo: E você como está? Estou escrevendo!
Aqui vai minha resposta:
Estou no meu vigésimo nono dia de “quarentena”, eu e meu marido estamos isolados em nosso apartamento, passamos boa parte do nosso dia, juntos e a outra parte, recolhidos, cada um em seu escritório, trabalhando, lendo, estudando, fazendo conferências on-line e escrevendo (por exemplo esta crônica), almoçamos juntos, assistimos filmes e séries e nos escutamos, colocando-nos um ao lado do outro e temos a certeza de que Jamais seremos os mesmos.
Criamos um lema: UM DIA DE CADA VEZ, parei de antecipar o amanhã, isso estava me gerando muita angústia, procuro viver minha impermanência, nada é para sempre, TUDO PASSA, bom ou ruim, vai passar…
Tenho transitado, entre o AMOR e a DOR, entre a VIDA E A MORTE entre a produção e a paralisação, uma mistura de sentimentos, bons e ruins…
A melhor forma que estou encontrando até o momento é: RESIGNIFICAR minha vida, rever minhas escolhas pessoais e profissionais, reler meus escritos…
Como diz Hannah Arendt: “Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”. É isso que venho tentando, contar e recontar uma história sobre este momento em tempo de URGÊNCIA. Sairemos desse isolamento com a possibilidade de contar uma outra história, uma história de conexão mundial de uma mesma família chamada: HUMANIDADE, para esse olhar, além de ampliar minhas lentes tenho também me recolhido da minha própria arrogância. COMO?
Revendo minha vida de excessos e me perguntando constantemente: O que eu estava buscando, com tanta pressa? Talvez a tão sonhada felicidade! O que me fez lembrar que “os escravos consideravam felicidade serem bem aceitos pelos seus senhores, mesmo não conseguindo sua liberdade…”
Enfim, meus amigos, não tenho respostas e sim muitas perguntas.
E vocês? O que tem feito?